O que é, o que não é...

O que é justo? o que é justiça? e injusto? injustiça? devemos acreditar na justiça com toda a sua toga, a sua voga, a sua indisfarçável cegueira na aplicabilidade da lei? 
Nossos tribunais estão abarrotados de processos, com juízes de primeira instância amedrontados pelas ameaças do crime organizado, incapazes de reação, impotentes para exercer o seu trabalho com isenção, justiça e acima de tudo instrumentalidade para fazer valer a lei.
O cidadão comum, o pagador de impostos, o pagador de promessas, o saco de pancadas, o trabalhador, este não tem seus direitos respeitados pela sociedade. Se deve e não pode pagar, vai para o cadastro de inadimplente; é negativado no cadastro do Banco Central - não pode contrair empréstimo bancário, fazer projetos financeiros, comprar no comércio ou na indústria à crédito e seu nome de devedor corre por todo o país, e nem financiar a casa própria; Se for processado pela justiça por alguma ação desafortunada não poderá fazer concurso público; exercer cargo público ou ser agraciado por qualquer bolsa governamental;
O político não! 
Este pode jogar dinheiro pela janela; pode distribuir cheques de ações sociais com fins eleitoreiros na periferia das cidades; pode ser condenado por compra de votos; pode transgredir a lei, que a justiça com seu olhar de peixe morto não tem como fazer valer a lei. Pode trocar socos nas plenárias; dar calote no comércio, com cheques sem fundos nos cabarés e bares da cidade; pode circular em aviões e veículos oficiais e comparecer a eventos sociais; pode ser processado criminalmente por improbidade administrativa e mesmo assim, como uma Fênix, um Batman, um Super-Homem, um personagem da ficção, sairá incólume de qualquer processo e com certeza, será candidato contra todos os veredictos contrários à sua candidatura e postulação a cargo eletivo público.
E a justiça? Está mais preocupada com seus relatórios, seus memorandos alusivos a organização do grande circo que é uma eleição, com funcionários percorrendo o país em carros oficiais e suas plaquetas brancas queimando óleo da Petrobras, queimando gasolina, queimando diárias funcionais e diárias de hotéis, além de garantir a propaganda eleitoral gratuita, pagando caro para eleger uma legião de políticos sem um projeto sequer em comum com o cidadão, com o dinheiro do contribuinte.
Temos afinal, o maior e melhor sistema eleitoral do mundo - tudo sistematizado e digital, onde a rapidez e a confiabilidade na transparência do sistema nos ridiculariza com o tattoo, a marca registrada da cara dos corruptos, digo, dos políticos processados, fichas sujas, sorrindo com o cinismo que lhes é peculiar e endêmico, mas, que a justiça, justificando o injustificável nos empurra goela abaixo esses candidatos que não estariam limpos nem para disputar lugar de Leão de Chácara ou de anão de porta de cabaré.
O que uma sociedade capitalista de consumo não faz para manter o lado obscuro das coisas? Dinheiro é dinheiro em qualquer lugar, e o que era ideologia hoje se transforma em luta pelo poder e as benesses de um capitalismo corrompido pela impunidade.
O que é justiça? o que é justo? o que é? o que não é?

Edilberto Abrantes.

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