VIVER, DÁ PRAZER!

Um amigo me dizia outro dia: 
- Não me sinto uma pessoa amarga, embora tenha na minha trajetória de vida, passado por maus momentos e situações complicadas nas minhas relações pessoais. Embora tenha no meu convívio diário pessoas que amargaram derrotas profissionais, afetivas e que fazem do silêncio e da solidão diária uma sentença para seus pecados e medos; alimentando seus fantasmas com antidepressivos como fuga para suas noites insones e seus monstros.
Eu lhe disse:
 -  Já dizia John Lennon "...ninguem foge de si mesmo". Fugir pra onde? se todas as frustrações do mundo, as decepções e as limitações humanas e as barreiras e empecilhos estão dentro de nós mesmos?
Veja bem, acompanhe o meu raciocínio: - Não há diálogo em casa entre pais e filhos, mas, com certeza uma televisão, um computador, um telefone celular não falta. Como pode haver diálogo se as pessoas não sentam à mesa para conversar ou até mesmo para fazer uma refeição? 
E continuei falando, empolgado: - E lá fora, é assim também. Não há interação no trabalho e parceria entre colegas de profissão, setores administrativos das empresas inclua-se, o setor de recursos humanos. Na rua as pessoas evitam olhar umas às outras; a solidão, a desconfiança e o medo afasta uns dos outros.  Nos bares e restaurantes espalhados pelas cidades circulam ávidos e famintos frequentadores, mais preocupados em degustar o cardápio oferecido pelo estabelecimento sob o som alto de uma música barulhenta que impede que alguém seja ouvido por alguém sentado numa mesa ou num balcão de bar devido à altura do som ambiente.
O diálogo, essencial entre duas pessoas, e que estimulava a cumplicidade e a intimidade das pessoas foi substituído pelo sinal wi-fi da internet que incentiva o uso de netbooks, Tablets e aparelhos celulares smartfones com internet, vitais para a mudança no modo de vida e produção de consumo de uma sociedade extremamente capitalista, que esqueceu suas ideologias e seus conceitos sobre o que seja conquista social, mobilização social e o coletivo como prioridade, na luta para os avanços sociais; mas, a leitura que se faz desta sociedade de consumo ofuscada e cega pelos avanços tecnológicos é de uma sociedade inerte e obesa, com indivíduos dominados pelo capitalismo neoliberal que vai desenvolvendo nas mentes da sociedade moderna a ideia de individualismo e de uma competitividade selvagem, através da mundialização dos meios de produção, que tem nos tornado reféns do consumo de bens e serviços e presas fáceis para um mundo de corruptos e corruptores, vitimas de um sistema judiciário caduco; de um Estado omisso e de políticos sem credibilidade. Em meio a esse emaranhado de coisas, as pessoas vivem o medo de si mesmas, de tudo e de todos.
É cada um por si no jogo da sobrevivência. Não há diálogo na sociedade.
Para finalizar eu disse-lhe: 
 - Amargo eu nunca me senti. Agora me sinto envernizado, calejado, escaldado...  A vida é uma escola, não há como desprezar seus ensinamentos. Viver é difícil, mas, é prazeroso.

Edilberto Abrantes.

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