Dia da Criança é todo dia
Quantos ainda soluçam sugando um peito flácido sequioso pelo leite materno?
Muitos sofrendo nas enfermarias, nos corredores dos hospitais suplicando atendimento
e ainda comemoramos o dia deles, com muita graça: o dia das crianças.
São vítimas de estupro, da pedofilia criminosa, dos maus tratos, e espancamentos,
levados à morte pela covardia social, vítimas de sua crueldade, do silêncio de todos;
ainda assim sentimos que temos muito que comemorar ano após ano,
como se um tapa na cara, um murro no estômago não fosse o suficiente
para nos despertar dessa letargia, desta hipocrisia consumista que todos
os anos nos leva às escolas, às igrejas e agora aos bares, aos restaurantes
e aos cafundós para comemorar, confraternizar com nossas crianças o seu dia.
Comemorar o que?
Quantas mães choram seus filhos perdidos para o tráfico de drogas?
para a prostituição, para o mundo do crime organizado? aviõezinhos da logística do tráfico.
Quantos são mortos diariamente vítimas de assaltos? vítimas de balas perdidas?
das chacinas, brigas nas escolas, nas baladas e nas estradas vítimas de sinistros?
reféns de sequestros, das gangues e dos guetos, de um sistema vil que discrimina
e segrega a criança desde o seu nascimento?
E o futuro? Incerto.
E o presente? Violento. Imprevisível, desalentador, sem segurança e perspectiva
de crescimento. Sem esperança de alguma mudança.
Que Deus na sua infinita grandeza proteja nossas crianças dos hipócritas,
dos omissos e de todos aqueles que maltratam, ofendem, discriminam ou
abusam de uma criança.
Alguém saiu à rua panfletando em nome de uma melhor sorte para nossas
crianças? mais escolas? mais hospitais? leis mais rígidas para quem maltrata
e abusa de uma criança? melhor atendimento na rede pública de Saúde?
melhor distribuição de renda para as famílias pobres? contra maior índice
de crianças sob o véu da vulnerabilidade?
Comemorar? Não.
Ainda há muito para fazer, muito pelo que lutar.
Dia da criança é todo dia.
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