A praça é do Povo?

        A praça está contaminada. Suja, mal cuidada e cheia de vícios, restos de comida, fezes de animais, garrafas de vidro jogadas sobre os canteiros de grama onde deveriam existir flores e plantas ornamentais. Garrafas das mais variadas cores, reluzentes sobre a cerâmica que outrora deveria ser branca, mas, hoje suja pela lama do descaso faz lembrar que ali, num tempo não remoto, fora uma fonte luminosa que era vista como cartão postal da praça e que alguém resolvera aterrar e vandalizar destruindo-a como o mais vil iconoclasta. Para que servem as leis? os tratados? os contratos? os pactos e as leis que regulamentam as cidades, que protegem o espaço público, os bens públicos da depredação dos vândalos que se quer sabe o que significa o zelo pela coisa pública e sua função social?
Onde está o povo que não vê e não sente a destruição de nossos logradouros e o patrimônio público? estaríamos como no tempo do império romano sob a égide da ignorância e da alienação do "Pão e Circo" vivenciando nossas dificuldades como se não fossemos parte do problema?
As nossas praças com sua ruína, seus bancos mutilados, se tornou palco de usuários de drogas, assaltos e insegurança, bêbados e prostituição. Não lembra em nada o sentido da praça que tínhamos no passado. Hoje as praças são locais que servem apenas para o comércio de bebidas alcóolicas  e petiscos. Não oferecem a mínima segurança para uma caminhada de dia ou em horário noturno. A iluminação é precária, as praças estão às escuras, até parece que saímos de uma guerra e que fomos bombardeados por anos seguidos de um conflito armado e sem trégua.
Na verdade estamos em guerra há muito tempo, uma guerra feroz contra a nossa cultura, contra a nossa memória, nossas tradições culturais.
Estão destruindo nossas cidades, nosso patrimônio público, nossa noção de coletividade, de sociedade, de civilidade. Um povo que não zela por suas praças; que não cuida da limpeza de suas ruas; que não faz a coleta seletiva de seu lixo, resíduos sólidos; que não zela pela sustentabilidade e preservação de seus mananciais, não pode vislumbrar um futuro melhor para seus filhos.
A praça é do povo, não é dos comerciantes, dos políticos e suas conveniências e cegueira crônica.
A praça é da coletividade e todos tem o dever de zelar e cuidar.


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