Chega de chorar os mortos!
Navegar é preciso, viver um bem necessário! Caminhar é preciso nessa estrada curta, cheia de perigos, de barreiras, de monstros, de violência, crueldade e decepções, dor! a dor da perda de forma prematura, insana como a que nos chega no dia-a-dia ao vermos nossos jovens sendo arrancados de nós pela violência dos acidentes de trânsito, dia-a-dia, minuto a minuto, hora a hora, de forma precisa como um relógio, sem dar descanso, trégua, enlutando famílias com a violência dos acidentes em nossas estradas.
Antigamente enchíamos nosso peito de orgulho quando dizíamos que o nosso país não tinha furacão, terremoto, tsunami, guerras, disputa de terras por etnia ou disputa política com grupos terroristas que sempre vitimou milhares de pessoas em todo o mundo. E o mundo foi crescendo, países como a África do Sul pôs fim ao regime multirracial do aparthaid e hoje é uma democracia sem conflitos entre brancos e negros; a Irlanda depôs as armas em favor da paz com a Inglaterra no seu conflito religioso; os países da África como Angola e da Chechênia na União Soviética fizeram o cessar fogo, e em muitos países do globo começou uma ideia de que as mortes não tinha nenhum sentido, daí as estatísticas de mortes de vítimas da guerra desapareceram drásticamente, segundo os anais da ONU.
Segundo a mesma ONU - Orgagnização das Nações Unidas, o trânsito no Brasil mata por ano mais do que qualquer guerra hoje no globo. Por que? Porque apesar de sermos um povo com a 5ª economia Mundial, de sermos um país emergente com o PIB maior do que a Inglaterra, temos as leis mais retrógradas do planeta que não pune ninguem e que não tem o menor respeito com a vida das vítimas, um exemplo? quando acontece um acidente grave com vítimas, a primeira coisa que as empresas fazem é adulterar o nome, a marca da empresa com tinta spray no veículo sinistrado para não arranhar o nome da companhia, e não se vê ninguem da justiça para coibir e prender os autores deste atentado que com esse ato criminoso tenta eximir de culpa quem verdadeiramente tem a culpa.
Até quando vamos enterrar nossos mortos sem que o cinismo das autoridades esteja sempre a nos olhar de forma impertinente a nos incomodar diante da nossa impotência e passividade com nosso silêncio e nossa dor por um ente querido que perdemos todos os dias? Não me olhe assim desse jeito! eu vou acordar, eu vou sair qualquer hora dessas e gritar que a dor que carrego agora em mim, é maior que eu, é maior que qualquer atitude, qualquer ato de rebeldia, de protesto, de insatisfação com esse absurdo momento de dor que é perder um filho, um irmão, um pai, um amigo, vítima da irresponsabilidade e da ganância no desafio das horas, cumprimento do dever ou qualquer coisa que o valha, sem a condição física e técnica necessária. Chega de acidentes nas nossas estradas; chega de profissionais sonolentos transportando passageiros; chega de tanta impunidade nas estradas e tantos profissionais dirigindo alcoolizados ou usando drogas para vencer o sono.
Estamos cansados de velar inocentes em seu leito de morte. De ver membros dilacerados, separados de suas vítimas! Cansados de ler as manchetes de jornais destacando em suas páginas em letras garrafais acidentes e sinistros em nossas estradas com nossa dor exposta como se fóssemos mercadorias ou algo banal para ilustrar seus diários ou periódicos com nossa desgraça e nossa dor miserável de pai, de mãe, de irmão e filho.
A morte não pede carona, ela pode ser rejeitada, evitada, para isto é preciso que a sociedade acorde e comece uma luta contra este assassinato em massa todos os dias em nossas rodovias estaduais e Federal.
Navegar é preciso, viver é do ser humano, morrer é uma consequência natural; morrer no trânsito depende de nós, da consciência que devemos ter na valorização da vida.
Chega de chorar os mortos, vamos lutar pela vida!
Edilberto Abrantes.
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