Sociedade contraditória

     A sociedade em que vivemos é um paradigma de contradições, e através dele constrói um mundo surreal, com seus fantasmas, seus monstros e suas guerrilhas diárias contra toda a sorte de inimigos que ele mesmo cria, e ainda, essa mesma sociedade que se manifesta politicamente contra o baixo investimento governamental na educação; grande parcela da sociedade retira seus filhos das escolas públicas e passa a educá-los em escolas privadas, pagando o alto custo das mensalidades escolares, da aquisição de livros didáticos, a grande maioria sem poder arcar com o ônus da educação de seus filhos, mas, para seguir o modelo neoliberal privatista tira da goela, da alimentação da família para pagar a escola privada e particular para a educação de seus filhos. Sabe-se que o perfil das famílias que mantém seus filhos nas escolas privadas na sua  maioria são pessoas assalariadas, pequenos comerciantes, ambulantes e informais ou de baixa renda beneficiados pelas bolsas escolares. São pessoas que não tem condição de manter esse gasto com educação e e que fortalecem a falsa  ideia de que o ensino privado tem mais qualidade.
      Como o ensino público pode melhorar se a própria sociedade que poderia lutar por ele, abre mão dele, e não se manifesta em razão de mudanças em prol de mais investimento governamental na educação pública gratuita? O cidadão abomina o ensino público desde o ensino fundamental até o ensino médio, cantando aos quatro ventos que não presta, não educa, não forma, não tem qualidade. Por que será que este mesmo cidadão não tem esta mesma ideia com o ensino público superior? As universidade públicas ensinam melhor que as universidades privadas? O ensino nas universidades públicas não tem a mesma parcela de investimento que as escolas públicas? O Ministério da Educação não trabalha com a mesma política para o ensino Público e o Privado?
     As Escolas Técnicas Federais e Estaduais estão aí com toda a força para derrubar mitos e falsas ideias de que o ensino público seja de péssima qualidade. O que a gente vê hoje em dia é um desinteresse da sociedade em construir um país melhor onde todos tenham uma participação efetiva nesta construção desde a base, do ensino público gratuito de qualidade, com professores capacitados e com uma grade curricular que possa fortalecer e transmitir conhecimentos ao cidadão que hoje vive alienado sob a batuta do consumo desenfreado e da enganosa ideia de que estamos bem, crescendo como país sem pobreza, sem fome e com oportunidade para todos.
     Acredito que só chegaremos a este sonho de povo desenvolvido, quando a sociedade tomar consciência de que só a unidade de pensamento é que pode fazer a diferença e gestar pelo bem comum um país melhor de verdade para todos através da educação gratuita e da valorização da cultura nacional , mas, sem a alienação neoliberal.


Edilberto Abrantes.

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