Um sonho de consumo

Estamos perdendo a sensibilidade, e gradativamente retrocedendo no tempo como num processo de viagem numa máquina do tempo que nos está levando ao passado, a uma época tão remota que é como se voltássemos a ser embrião num mundo primitivo, uma dimensão distante e alheia a códigos e leis, de estranhas criaturas que embora a tecnologia, a comunicação e a indústria de transformação, a robótica,  não sabemos como lidar com nós mesmos, e com as outras pessoas que conosco usam a mesma dimensão de tempo e espaço.
Vivemos um tempo de vilania, de crueldade e violência, de traição e impunidade, com nosso estado de direito sendo violado de forma constante para a satisfação de nosso ego animalesco, alimentado por nossos desejos antropofágicos prestes a roer a carne magra de nossos inimigos ou talvez, desconhecidos que para nós pouco importa o que seja, ou como viva, mas, que esteja no raio de alcance de nossas ações, refém de nossos instintos e sentimentos mesquinhos, interesses duvidosos e escusos, mas, contemporâneo, não muito politicamente incorreto para os padrões atuais, muito em voga no âmbito do concorrente mercado das profissões, dos cargos e setores administrativos sejam estes públicos ou privados, onde a presa tem que cair todos os dias diante de nossos olhos e do apetite voraz do animal selvagem que habita em nós e nesta selva de pedra que dá vida a um animal perigoso, ao homem que não só age instintivamente, mas, que também pensa, raciocina, planeja, organiza; tem características racionais e irracionais, o animal do futuro, insensível, escolarizado, mas, incapaz de se relacionar sem que haja interesse e barganha.
Estamos correndo com nosso sonho de consumo para um caminho sem volta. Abraçados a tecnologias de ponta como celulares, computadores e a internet estamos nos isolando das pessoas que amamos e que estão tão perto da gente!
Somos vampiros de nós mesmos! Lobisomens no meio da noite com uivos e gozo proporcionados pelo espectro dos agentes químicos das drogas que destrói a cada hora, a cada minuto jovens e adultos nas baladas, nos becos e nas esquinas da vida.
Precisamos nascer, sair desse embrião da omissão, da covardia, da indiferença e começar a pensar como seres humanos, como gente, como pessoas, não como animais alienados e influenciados por um sistema que nos quer dispersos, cada um com sua miséria, sua dor, seus males, suas deficiências individuais, fraquezas, em função de um sonho de consumo, marionete nas mãos do capital e do sistema neoliberal é o que somos.


Edilberto Abrantes.




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