MANIFESTO CULTURAL (em defesa da arte de Sousa e região)

A arte sousense e da região está órfão de produções culturais. Aqui não se produz nada há muito tempo. Não se lança um disco. Não se lança um livro, um espetáculo teatral ou um Show musical. Nossos cantores estão abaixo da crítica, pela pouca criatividade, pela baixa qualidade de sua produção musical, pela sua ínfima perfomance em shows e apresentações no circuito de entretenimento da região seja em eventos culturais tradicionais, como festas religiosas, vaquejadas ou Casas de Shows espalhadas pela região. Errado.
Do mesmo modo, à duras penas vive o segmento do audiovisual que não produz documentários ou filmes de curta ou de média metragem desde Patos a Cajazeiras, vivendo um momento de retração cultural, embora saiba-se que o audiovisual é um dos segmentos culturais que mais cresce no país. Aqui, não.
As artes cênicas e teatrais, a dança e o circo também não tem qualquer manifestação em nossa região. Não temos produção de teatro em nossa cidade. Nossos atores não tem um palco, um teatro de arena, um local adequado para desenvolver as suas atividades teatrais, de danças ou circenses. Estamos ficando um povo triste e ao mesmo tempo alienado, africcionados por produções do tipo B como o Reality Show Big Brother. Errado.
Em Sousa não existem poetas, escritores, pensadores, ensaístas, articulistas; nosso povo é aculturado  e insípido em se tratando de envolvimento com a cultura local. Não temos espaços. Não temos os traços. Não possuímos os braços, nem o perfil, mas, acredito que somos sim, artistas. Não precisamos de um espaço para mostrar a nossa arte que se configura uma ilha de nossas raízes, de nossas tradições e costumes. Este espaço não me representa enquanto artista que sou. De quem falo? de que estou falando?
Afinal, o que é a formação de plateia? Seria a segregação do artista local para beneficiar os artistas de fora? Seria a implantação de uma programação mensal voltada para divulgação de grupos musicais e de teatro advindos de outras partes do país, e quase nada produzido em nossa região? Vem de fora, muitas produções irrelevantes e até de qualidade inferior às nossas produções locais, mas, que somos obrigados a engolir por educação, por covardia, por omissão, por ignorância, por subserviência, por falta de criticidade e consciência política para dizer não? Dizer não, à falta de critérios na escolha das produções e no planejamento da programação mensal do Centro Cultural Banco do Nordeste que é indiferente à cultura local e aos seus expoentes, desconhecendo nossas aspirações artísticas e o nosso fazer cultural.
Chega! Os artistas sousenses e da região não merecem ser tratados de maneira tão maléfica pelo Centro Cultural Banco do Nordeste.  Este elefante branco está na UTI faz muito tempo. Não fala a nossa língua. Não nos representa enquanto agente difusor e equipamento de fruição de nossa arte e cultura. Com toda a sua arrogância não sobreviverá sem os artistas locais e da região; sem a mobilização dos movimentos culturais da região, mesmo por que, não corresponde com ações em sua programação que possa desenvolver a nossa cultura; estão mais preocupados em ser vitrine para artistas de outras regiões como RS, SP, RJ, BA, CE e PE.
Eu não bato palmas para o Centro Cultural BNB. Não gasto sola de sapato para suas produções meia boca. Os artistas locais estão nos guetos, nas praças, nas ruas e vielas, na periferia, em circuitos itinerantes.
Somos um celeiro de artistas: escritores, poetas, artistas plásticos, escultores, fotógrafos, músicos, sanfoneiros, forrozeiros, atores, diretores, produtores, teatrólogos, repentistas, emboladores, aboiadores, críticos musicais, maestros, artistas de rua, palhaços, trapezistas e nos sentimos desvalorizados por essa gente que se diz produtores culturais e formadores de plateia. Afinal, que plateia se toda arte vem de fora e seu teatro está sempre vazio? Alguem está enganando alguem, ou se enganando ao negar o direito do artista da região preservar a sua cultura, apresentando-se nos espaços instalados em nosso território, independente de quem seja ou arte que representa.
Isto é fazer cultura para valorização do artista; o resto é conversa fiada e o que é razoável para gastar o dinheiro público, mesmo que para isto, um artista seja prejudicado todos os dias.

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