A aventura de ir ao cinema,,,

Não é que um dia desses eu fui assistir um filme no cinema, coisa que fazia tempo que eu não desfrutava deste momento cultural que todo ser humano e bom cidadão tem direito de usufruir, mas, devo dizer logo, que sou muito chato e muito crítico com as coisas que gosto de fazer; sou muito exigente, perfeccionista, e como já disse, chato demais quando vou a um programa sem planejamento - Já viu né? comigo é assim: não saio de casa sem planejar, sem fazer um check-list de tudo que vou precisar na aventura de sair, mesmo que para assistir um filme: levo comigo guarda-chuva, lanterna, um livro para ler no intervalo, etc.
O pior de tudo foi o filme, que roteiro ruim, que produto ruim estava passando naquela noite; um filme B com um bandido de quinta categoria que se vangloriava de ser esperto, divertido e cheio de artimanhas, mas que não passava de um reles bossal, um bobo da corte (pense num filme ruim...) o bandido era manco, bissexual e tinha aversão aos livros (alfarrábios na sua ótica futurista!), passou o filme inteiro maldizendo a própria sorte. 
Eu nunca fui de comer pipoca em sessão de cinema, mas, não tinha outro jeito, devorei dois saquinhos de pipoca fumando um cigarro que era um cachibo da paz para não explodir de raiva pela ideia de assistir um longa-metragem de tão péssimo gosto. 
O bandido era também um palhaço, tinha um desejo reprimido desde tempos de menino de soltar a franga em um picadeiro, pode? rodopiava batendo as asinhas, como uma borboleta cheia de purpurina para chamar atenção para a história tão ruim! Acho que ele tinha uma tara para ser mariposa com o fetiche de se lascar em cima de um refletor de 400 volts.
A sacanagem foi que, depois de tanto penar com um personagem tão ridículo, não é que me aparece uma ama seca esquálida em cena? não se sabe de onde saiu aquela figura tão insossa, sem brilho, com um figurino que mais parecia que estava ali para provocar pena do que qualquer outra coisa. Ela veio com uma dança desorganizada, sem ritmo e sem qualquer coisa que chamasse atenção; uma voz tediosa e um rebolado de corista decadente que me deixou mais irado ainda. O ruim não era saber que o bandido era um palhaço que mal sabia  interpretar, provocar risos com suas piadas mal contadas, quando a sua caricatura é que causava mais riso... O ruim era perceber que ele se escondia nas costas da corista para justificar suas traquinagens e cafajestadas; o ruim era saber que já não se fazia bandidos como antigamente (bandidos como Jack Palance, Fernando Sancho, Chuck Norris) e já não se fazia mais palhaços como antigamente; palhaços inteligentes como Charles Chaplin, Mário Moreno o "Cantinflas", Oscarito, e tantos outros... ou será por que ou o sujeito era bandido ou o sujeito era palhaço? pode ser... não dá para ser bandido e palhaço ao mesmo tempo, ou se é um ou outro.
A dificuldade está justamente nisto: não se faz mais bandidos como antigamente; mesmo por que, o bandido de antigamente sabia de suas limitações, hoje não, o bandido não sabe sequer, assinar o próprio nome e já se acha mais esperto que todo mundo, mais vilão, mais safado, inquebrável feito corrente de oração. 
Por tudo isto, não pode ser bandido, está mais para ser o mosquito da bosta do cavalo do bandido do mais fraco Far-west americano ou quem sabe saco de pancadas das drag queens que fizeram o hilário "Priscilla a Rainha do Deserto" na sua aventura pelo deserto australiano.
Para finalizar, sai dali praguejando e mais nervoso que um cavalo escoiceando fugindo de cobra. Ah, nem falei do artista, sabe por que? Porquê, o cara não apareceu em cena, foi ofuscado pela péssima atuação dos facínoras em cena.
Jurei não mais sair de casa para ver qualquer fita de cinema, antes faria um estudo crítico para não embarcar em canoa furada. A nota do filme é zero!
Foi uma noite frustrante, que pobreza de espetáculo a sessão de cinema, nunca vi atores tão pobres e tão ruins. 
Realmente, a cultura está num processo perigoso de pirataria e com tanto papagaio querendo tomar o lugar do pirata.
Só me restou dormir, para aproveitar a noite!

Edilberto Abrantes.

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